O Museu Rainha Dona Leonor

O Museu Regional de Beja foi criado por Decreto datado de dezembro de 1917, que determinava que fosse instalado no antigo Convento da Conceição e integrasse, como acervo inicial, os bens da extinta Mitra da cidade e todas as coleções artísticas e arqueológicas existentes no “Museu Archeológico Municipal”. A abertura ao público, porém, só viria a acontecer no dia 5 de outubro de 1927, após os trabalhos de adaptação do imóvel e organização das coleções.

Fundado com a designação de “Real Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição” na segunda metade do século XV pelos Infantes D. Fernando e D. Brites, pais de D. Leonor e de D. Manuel I, este convento beneficiou de proteção real, tornando-se um dos mais ricos e sumptuosos do reino.

No edifício subsistem alguns elementos característicos ou de influência do período tardo gótico em Portugal, nomeadamente, o portal gótico flamejante da igreja, as janelas de duplo arco, tipicamente mudéjar, ou a platibanda rendilhada. Mas encontramos também traços da transição para o período manuelino.

No final do século XIX, com o intuito de reordenar e reorganizar o centro da cidade de Beja, uma grande parte do antigo convento foi demolida, restando do edifício original a Igreja, o Claustro e a Sala do Capítulo. Esta tendência de suposta “modernização urbana”, inspirada nas ideias de Georges-Eugène Haussmann, não foi exclusivo de Beja, aconteceu um pouco por toda a Europa.

O Museu Rainha Dona Leonor carateriza-se pela multiplicidade e qualidade das suas coleções, abarcando áreas temáticas como a escultura, a pintura, a ourivesaria, a azulejaria, as artes decorativas, a metrologia, a etnografia, ou arqueologia, com ênfase no território do Baixo Alentejo.

O próprio convento, classificado como Monumento Nacional desde 1922, é motivo bastante para visita, tanto para observação do exterior, como para desfrute do interior. Refira-se a imponente decoração barroca da igreja, a luminosidade do claustro com os seus revestimentos azulejares, a Sala do Capítulo de cariz quinhentista ou a “Janela de Mariana Alcoforado”, que a obra “Cartas Portuguesas” publicada em França no século XVII popularizou.